Notícias de T.I.

A verdade sobre a Microsoft e suas demissões

1. Por causa da recessão econômica, a venda de PCs com Windows pré-instalado despencou nos últimos meses. Como boa parte do faturamento e lucro da Microsoft vem daí, as consequências disso são óbvias: menos computadores vendidos significa menos licenças OEM vendidas, gerando menos faturamento e lucro nesta área.

Alguns jornalistas alegam que o Windows Vista é o culpado pela queda do faturamento, mas isso não faz sentido algum: se ele fosse culpado pela queda do faturamento, isso teria acontecido depois do seu lançamento em 2007 - e não somente agora, em 2009. A queda de vendas de desktops e notebooks teve motivo puramente econômico, e não por causa da versão do Windows utilizada neles. Outra prova disso é que a venda comercial (nas lojas) do Windows Vista aumentou 19% em relação ao trimestre anterior.

2. Os resultados fiscais da Microsoft foram abaixo do esperado, pois no último trimestre ela faturou US$ 900 milhões a menos do que o previsto. Embora isso pareça muito, não é, pois no último ano fiscal ela faturou mais de US$ 60 bilhões. Os US$ 900 milhões representam apenas 1,5% do total, e numericamente equivaler à paralisação do faturamento por 5 dias durante todos os 365 dias do ano.

O que preocupou o mercado não foi o valor em si, mas sim a Microsoft apresentar uma queda de faturamento, algo inédito nos seus 34 anos de existência. Evidentemente em uma época de recessão, as empresas venderão menos, e a Microsoft não está imune a isso. A queda nas vendas, faturamento e lucro acontecerá em praticamente todas as empresa durante este ano. Quem ainda não foi afetada, será nos próximos meses.

3. Como qualquer empresa que quer cortar custos, a Microsoft diminuiu a sua verba de marketing, congelou os salários dos funcionários, e implantou medidas para economizar 20% nos custos de viagens dos seus funcionários e vendedores. As medidas visam economizar US$ 1,5 bilhão neste ano, mas os clientes e profissionais que trabalham com produtos Microsoft não sentirão nenhuma diferença (muito menos aqui no Brasil).

Outros cortes de gastos para este ano estão longe da vista do público, como o adiamento da construção de um super-datacenter de US$ 500 milhões em uma área de 170 mil metros quadrados na cidade de Des Moines nos EUA (embora a construção do datacenter em Chicago e em Dublin, na Irlanda, continuará normalmente). Aliás, não foi só a Microsoft que adiou a construção de datacenter: no final do ano passado, o Google também adiou a construção de um imenso datacenter em Oklahoma.

4. A Microsoft tem 91 mil funcionários e somente 1.400 foram dispensados. Nenhum deles na área de Windows. As duas áreas mais afetadas foram a do Flight Simulator (com o fechamento da Aces Game Studio, parte do Microsoft Game Studio (MGS) responsável por esse game) e a área de Entretenimento e Periféricos (Windows Mobile, XBOX e Zune), que teve o seu time reduzido.

Nenhum produto ou serviço será afetado, pois as demissões visaram "enxugar" as equipes. No caso do Flight Simulator, ele continuará a ser desenvolvido por outras equipes da MGS.

5. A Microsoft planeja dispensar mais 3.600 funcionários em 18 meses (cerca de 200 funcionários/mês), sendo que a maioria são funcionários terceirizados. Isso não é nada para uma empresa com mais de 90 mil funcionários, e neste mesmo período serão contratados alguns milhares de novos funcionários para novas áreas, como a área de busca.

É importante lembrar que há anos a Microsoft contrata em média 7 mil novos funcionários por ano, e a partir desse ano a empresa continuará contratando, mas em menor número.

6. Este ano será lançado o Windows 7, no ano que vem será lançado o Office 14, e no lançamento de novas versões destes produtos há um aumento considerável de receita e lucro. E o Windows 7 será especialmente lucrativo para a Microsoft, por três motivos:

1)  Muitas empresas migrarão do XP para o Windows 7, ao invés de migrarem do XP para o Vista. Os principais fatores são os requerimentos, drivers e performance.

Requerimentos: como o Windows 7 tem os mesmos requerimentos de hardware do Windows Vista, não há mais a necessidade de upgrade de hardware. Isso era necessário em 2006, quando o Vista foi lançado, e foi uma das principais reclamações do mercado.

Drivers: todos os drivers de periféricos do Vista funcionarão no Windows 7. Com isso, evita-se problemas de incompatibilidade de periféricos com o sistema operacional, e praticamente todos os periféricos lançados nos últimos anos funcionarão no Windows 7.

Performance: a Microsoft ouviu as reclamações do mercado e está criando o Windows 7 de maneira que ele seja muito mais rápido do que o Vista, e mais rápido do que o XP. E ela está no caminho certo: recentemente o site ZDNET realizou 46 testes de desempenho, comparando XP x Vista x Windows 7, e o Windows 7 venceu 42 deles. Leia mais aqui.

2) Os netbooks estão vendendo milhões de unidades no mundo todo, mas a Microsoft lucra pouco com eles.

Como muitos estão comprando netbooks (pequenos notebooks que vêm com Windows XP pré-instalado) ao invés de notebooks (modelos tradicionais que vêm com Windows Vista pré-instalado), o lucro da Microsoft é muito menor, pois a licença do XP é mais barata do que a licença do Vista.

Quando o Windows 7 for lançado, isso acabará, pois a partir desse dia todos os netbooks usarão este sistema operacional (pois haverá uma versão dele destinada especificamente a netbooks), gerando mais lucro para a Microsoft e mais benefícios para os usuários.

3) Usuários comuns que usam Windows XP migrarão para o Windows 7, pois atualmente muitos usuários do XP não vêem vantagem em migrar para o Vista, e também reclamam que o Vista é lento. Com o Windows 7 será diferente, pois estes usuários ficarão satisfeitos em ter um sistema operacional tão ou mais rápido do que o XP, e com todos os benefícios do Vista (mais segurança, aplicações e compatibilidade).

Lembre-se que o Windows XP foi lançado em 2001, e daqui dois anos ele completará uma década no mercado (!!), sofrendo problemas de suporte, compatibilidade com aplicações recentes e drivers de periféricos, algo natural para um sistema operacional tão antigo.

Obs: muitos adoram o Vista e jamais voltariam para o XP, mas críticos do Windows (qualquer versão) não adoram nada. E mesmo para eles, os reviews do Windows 7 têm sido excelentes. Até mesmo o fundador o Ubuntu e muitos usuários de Mac elogiaram o Windows 7, enquanto o The Wall Street Journal publicou que o "Windows 7 faz o Vista 'comer poeira'" e o New York Times publicou que usuários que odeiam o Vista devem gostar do Windows 7. Nada mal para um sistema operacional que está na fase inicial de testes e sequer foi otimizado..

5. A área de servidores da Microsoft vai muito bem, tendo crescido 15% nos últimos três meses: as empresas continuam comprando e implantando Windows Server 2008, Hyper-V, System Center e SharePoint. Um detalhe importante é que o crescimento da área de servidores da Microsoft têm sido superior a 10% há anos, e isso não mudou com a recessão.

6. O X-BOX também vai muito bem: houve um crescimento de 3%, e foram vendidos 6 milhões de consoles (mais do dobro de vendas do Playstation 3) no último trimestre. Além disso, em algumas semanas o número total de consoles de XBOX 360 ultrapassará 30 milhões, há 17 milhões de usuários pagantes do XBOX Live e neste ano serão lançados duas novas versões do Halo 3.

O Halo 3 é um dos jogos mais lucrativos da Microsoft: no dia do seu lançamento ele gerou US$ 170 milhões, 12 dias depois já haviam sido vendidos 3,3 milhões de cópias, e a venda mensal de consoles XBOX 360 dobrou nos meses seguintes ao seu lançamento.

Há mais de um bilhão de usuários de Windows no mundo todo, e esse número continua crescendo. Neste momento, aonde quer que você esteja lendo este artigo (em casa ou no trabalho), certamente há outro computador com Windows em um raio de 50 metros daí. E isso não mudará. 

Mesmo que em 2009 a Microsoft tenha um crescimento menor do que o previsto no ano passado (como é de se esperar em qualquer empresa em um mercado em recessão) e fature menos de US$ 60 bilhões, isso está muito longe do exagero e pessimismo da "mídia especializada", que prevê uma catástrofe na Microsoft, o fim dela, "a queda do império", o fim do Windows, e um monte de baboseiras similares...