Na Defcon, uma recente conferência de hackers em Las Vegas, entusiastas de redes sem fios conhecidos como "wardrivers" tiveram prazo de duas horas para localizar mil redes sem fio. Esse foi um dos muitos concursos promovidos para testar a habilidade dos hackers.
Eles observaram a cidade à procura das antenas de alta potência capazes de receber sinais a cerca de dois quilômetros de distância, e promoveram sites de "wardrive" como o Wigle.net, que mapeiam milhões de sites de acesso sem fio, ou hotspots, em todo o mundo.
Invadir a rede sem fio da própria conferência Defcon se provou outro esporte popular - os organizadores dizem ter conseguido bloquear cerca de 1,2 mil tentativas de comprometer a segurança da rede.
Os adeptos do "wardrive" dizem que o objetivo não é usar banda sem pagar ou espionar usuários desprevenidos da Web, e que eles não apreciam as pessoas que agem assim. Na verdade, esperam convencer os consumidores e fabricantes de equipamentos a melhorarem o estado lastimável da segurança das redes sem fio. "Estamos tentando conscientizar os interessados. Os sistemas de segurança não deveriam ser deixados desativados, como costuma acontecer", disse um adepto do wardrive de Edmonton, que usa o pseudônimo Panthera.
Os roteadores de conexão sem fio, muitos dos quais custam menos de US$ 100, permitem que os consumidores naveguem na Internet de seus jardins ou do sofá da sala. Com alcance de algumas centenas de metros, um sinal Wi-Fi pode chegar à rua ou às casas vizinhas, permitindo que os vizinhos também se conectem.
Os vendedores de equipamentos, como a Wardrivingworld.com, dizem que realizam muitas vendas a proprietários de caminhões e trailers, não só hackers. "As pessoas acham que os caminhoneiros só bebem cerveja, comem, feijão e arrotam, mas 800 paradas de caminhões no país dispõem de acesso sem fio à Internet", disse Matthew Shuchman, co-fundador da Wardrivingworld.com.
Alguns wardrivers afirmam que fabricantes de equipamentos como a Linksys, uma divisão da Cisco Systems, devem ser responsabilizados pelos problemas porque eles não vendem seus produtos com recursos de segurança acionados e porque muitos estão mais preocupados com a facilidade de uso do que com segurança. "Eles não estão cuidando de seus clientes. Eles estão intencionalmente colocando os usuários em risco", disse RenderMan, uma conhecido wardriver dos Estados Unidos.
Os roteadores da New Linksys permitem que os usuários ativem uma conexão segura com outros aparelhos da empresa apertando somente um botão, afirma Mike Wagner, diretor de marketing da companhia. Mas a Linksys, que responde por 57% do mercado consumidor dos EUA, não pode vender seus produtos com os recursos de segurança ativados porque a maioria dos usuários não se preocupa em trocar a senha padrão, disse Wagner.
"Essa senha pré-ajustada será exatamente a mesma em 500 mil produtos sem fio que vendemos a cada mês. Então é o mesmo que criar uma falsa sensação de segurança", afirmou o executivo.